segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O poder das palavras e o as novidades do ano-novo

Leitor baladeiro,

Como foi seu ano-novo? Espero que a festa não tenha sugado todas as suas forças, afinal, é preciso um certo esforço para ler meus relatos.

Aqui em Jaipur, como no restante do norte da Índia, a passagem do dia 31 de dezembro para o dia 01 de janeiro é apenas sinal de que o clima vai esfriar (ainda mais). Acredite ou não, o Brasil continua sendo o melhor lugar para se romper o ano (por favor, não faça trocadilhos com esta frase, pois minhas mães até desconfiam, mas não têm certeza sobre certos hábitos da minha rotina). Passei todo o sábado do dia 31 em casa, depois de ter ido a mais um jantar na residência de amigos na noite anterior. Assim como todos da república, eu não sabia bem o que esperar do final de ano. Às oito da noite, Sami veio me perguntar se eu gostaria de ir a uma festa perto da casa dele. Open “bar” (na verdade, um jantar e refrigerante e ponche à vontade, porque a turma do rendez-vour era muçulmana) e depois muita música, varando a madrugada até às DUAS da manhã. Porém, como o rapaz não é bobo, convidou também algumas meninas da república, o que implicaria falta de ingresso para minha pessoa (esqueci de mencionar, era uma Boca-livre, ninguém iria pagar nada, visto que a galera é influente no ramo de entretenimentos). A fim de me resguardar de eventuais surpresas desagradáveis, como passar o ano novo dando curtir nas fotos dos bróderes no Facebook, liguei para Jay, amigo do trampo que havia me chamado para passar o ano-novo na casa dele. O cara me falou que teríamos uma festa no terraço, logo, pensei: Oxe, é aqui mermo que eu vou dále. Comidinhas infinitas, festa tradicional e agito até o amanhecer. É, amigo festeiro, a limitação que as palavras possuem é a causa dos mal-entendidos. Ao dizer festa no terraço, Jay queria falar: jantar normal com painho, mainha e voinha, seguido de uma noite no terraço, acompanhada de rum com coca e um brother dele. Não, meu confidente, não estou arriando com a sua cara. Comemos realmente um jantar comum e passamos a noite, eu, Jay e outro compadre, bebendo cuba-libre (eu sei que já tenho 25 anos e não frequento mais churrascos de colégio, mas não poderia deixar meus comparsas sozinhos nesta dificílima missão de tomar esse drink). Vimos os fogos de artifício, escutamos as brigas nas ruas (muito recorrentes, por sinal, pois a galera bebe “valenu” e depois vai dirigir. Que LAITE!) e conversamos animadamente até às quatro da manhã. Nada de mais, você pode penar. Eu também acho, entretanto, as risadas que demos, com certeza, eram sinais de que o ano iniciava-se com o coração leve e a alma em paz.

Embora eu não tenha ido a nenhum lugar badalado, minha comemoração foi INTENSA se comparada à de algumas garotas. Excetuando Rachel e Ruby, que foram a uma festa em um hotel, TODAS as outras ficaram em casa, assistindo MELANCOLIA, de Lars Von Trier. Não chore, elas dormiram logo, não foram massacradas por essa película. A festa de Sami miou, por essa razão, nem ele, nem as trainees curtiram um agito. Absolutamente, compreendi que “always look on the bright side of the life”, música de encerramento do filme A vida de Brian, dos geniais Monty Phyton, faz todo o sentido.

Não pense você que os indianos são morgados e não comemoram datas especiais. Por aqui, a maior festa do povo é o Diwali ou Dipawali, em portugês, Festa das Luzes. O fuzuê começa na lua nova de outubro e se estende até a lua nova de novembro. As casas são pintadas e limpas minunciosamente para essa ocasião. Além disso, acende-se o maior número de velas e lâmpadas para que LAKSHIMI, deusa da prosperidade e riqueza, posso visitá-los confortavelmente.

No primeiro dia de 2012, após acordar sem milagrosamente ter sido punido pelo meu mau-comportamento (acredito que deus castiga quem bebe rum com coca depois dos 20 anos), voltei para meu cafofo, sem nada programado para fazer. Para minha felicidade, uma mensagem no e-mail avisava que Ketan gostaria de assistir um filma à tarde. Veja bem, Holywood até agrada, mas o que faz sucesso aqui são os filmes de Bolywood (feitos por estúdios de Bombaim). Se você nunca assistiu a um, não faz ideia do que a palavra surrealismo significa. Que Dali o quê! O bagulho, deste lado do munto, é frenétchico!

Fomos, eu e Martyna, encontrar Ketan em Armapli Circle (que em hindi deve ser: círculo no cu da cidade. Acho que mais para frente é Candeias). Fera, Jaipur é grande, vá por mim. A gente tomou dois ônibus e um rickshaw (porque Martyna se perdeu. Se você é estrangeiro e outra pessoa também, desconfie se ela falar: relaxa aí, eu sei onde é o negócio. Tô ligado como chega lá) para alcançar nosso destino. Compramos os ingressos e entramos para ver DON 2. É como Missão Impossível (inclusive pelo (baixa) estatura do protagonista, um Tom Cruise que sabe atuar) só que falado em Hindi, com músicas no meio e um intervalo durante a sessão para as pessoas comerem e esticarem as pernas. Sim, uma pausa, porque as películas possuem, geralmente, TRÊS horas de duração. Isso é o tempo média, vi? Não posso mentir para você, dormi na primeira parte, a das músicas. Estava cansado e não entendia NADA dos diálogos. A única coisa que eu fazia era rir quando eu percebia que um personagem soltava uma gracinha. Ao perceber que a galera se estourava, lá ia eu dar uma “gargalhada” também, só pra não ficar por fora. Ruim mesmo era perder o tempo da piada, pois você fica parecendo Chaves falando depois que todo mundo cala a boca.

Terminada a sessão, despedimo-nos de Ketan e, novamente, pegamos um rickshaw. Dessa vez, para casa de Dilip. Lá, outra boia sinistra: Paneer. Esse prato é típico dessa região. Um refogado de cebola, especiarias e pimentão onde se afogam fartos pedaços de queijo de búfala. É destruidor. Regressamos depois da digestão e fui dormir para trabalhar no outro dia.

Hoje, 02 de janeiro, acordei com muuuuito sono e saí para a ONG. Como não tenho despertador ainda, quase perco o horário. Por causa da pressa, não pude tomar minha vitamina matinal: Chai. Tomei um ônibus que deve ser o Rio Doce/CDU daqui. Tinha ATÉ gente. No caminho, enfrentamos um um engarrafamento suave de uma hora. Cheguei com muito bom-humor e disposição ao escritório. Mas a vida, a essa danadinha, tinha mais coisas a me ofertar. Após todas essas desventuras, descubro que é feriado na CECO. QUE ALEGRIA, QUE FELICIDADE!

Retornei para meu lar com uma disposição indescritível, pronto para mandar qualquer pessoa para a casa de ca... se ela me desse bom dia.

Agora, vou sair para um café e ler a autobiografia de Osho, um caboclo arretado, para descarregar a tensão.

Com meus sinceros agradecimentos por sua companhia, peço-lhe que diga as minhas mães que tá tudo caminhando para frente até agora.

Até breve.

8 comentários:

  1. Dale, Dani. Muito massa. Feliz ano novo.
    Cuba libre na laje indiana. Fudendo
    abraço

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  2. Muito bom Barros,como sempre!!
    Feliz Ano Novo e A P R O V E I T E!!!
    Beijo grande

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  3. Recado dado. ;)

    Feliz Ano Novo pra tu!

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  4. feliz ano novo!!! tudo muito louco aqui na eslováquia também, hahaha!
    beijo

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  5. só corrigindo meu nobre, Monty Python. O nome da linguagem de programação veio desses caras ae ;)
    (tinha que ser um comentário nerd né mano?!)
    Se cuida leke!

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    1. HAHHAHA! Tô ligado como se escreve Monty Python, meu pirraia. Mas, na maioria das vezes, não consigo perceber se cometi um erro. Valeu pela dica, Nerdão. logo mais eu chego pra pegar aquela carona sarada! Abraço e se cuida

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