segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Prezado leitor

Querido leitor,

Já estou em Jaipur. Cheguei às 20:05h do dia 24 de dezembro de 2011. Só hoje me dei conta de que passei o natal longe de D. Aurora, a responsável por colocar este sujeito no mundo. É a primeira vez que não estamos juntos no Natal, por isso, queria que você fizesse chegar a ela o beijo mais afetuoso e o abraço mais demorado do mundo. Isso é apenas um pedido, mas os pequenos gestos nos definem com grande fidelidade.
Queria lhe falar, primeiramente, sobre o sotaque de grande parte da população (isso é uma hipérbole, afinal, a Índia é o SEGUNDO país mais populoso do mundo. Por favor, não leve a sério). O Inglês é falado em todas as partes, mas é preciso um pouco de esforço para compreender e ser compreendido (Acho que São Francisco passou as férias por aqui, enquanto dava um tempo nos votos de pobreza, na Itália). Isso porque os indianos usam a pronúncia do alfabeto Hindi, então quando eles querem dizer “When you will leave”, você, basicamente, escuta: “Ven viuor nsuneunfneybfbfbb”. Inicialmente, você pensa “por que eu não prestei atenção nas aulas de inglês do colégio?” ou então fica esperando escutar uma daquelas frases de filmes erótico-educativos (yes, it's coming!). Desse modo, com a calma que o desespero te presenteia nesses momentos, você sorri bastante, concorda com tudo (mas fica ligado nas expressões e reações da turma) e, no final fala: Sure! I'm Brazilian, you know?
Quando desembarquei nesta cidade, meu chapa Ketan Rathore foi me buscar de moto para me levar à república onde moram os trainees e outros estudantes. Pegar uma carona de moto com um frio de dois graus, após ter esquecido o casaco em Recife, pode parecer burrice. E é. Devo ser sincero, pois foi assim que minha mãe me educou. Mas não havia outra forma de chegar à minha nova casa. Fui recebido com muitos sorrisos e mais momentos do tipo: não entendo o que vocês falam, mas tá limpeza, só preciso de um espaço pra deixar minhas coisas. O dono do lugar, um coroa gente como a gente, me pediu o passaporte e eu tive que preencher um formulário de registro de estada, só para garantir que eu não era uma alma sebosa (se ele descobre que eu pertenço a uma facção criminosa chamada “Cublinho” e frequento “A Casinha”, estaria pedindo comida e abrigo nas ruas de Jaipur até hoje). Depois de esclarecer as regras de convivência da casa, como não levar comida não-vegana para o interior do imóvel e chegar até às onze da noite (mas se eu precisar, posso avisar antes e chegar mais tarde), falei para ele e para a senhora dele que, assim que eu descansasse , faria uma tapioca rocheda pro pessoal e ainda finalzei com um: meu senhor, é porque aqui não tem cajá. Se tivesse, eu quebrava as suas pernas com meu suco!
Logo após checar uns e-mails, Sumi, o cara que mora no quarto ao lado, veio me dar as boas-vindas. O bicho é sensacional. Fala inglês com o sotaque que você preferir, trabalha muito, também é VICIADO n'O Poderoso Chefão (asssistimos várias cenas aleatórias só pra sacar os diálogos mais fuderosos do cinema) e descobri que, ser muçulmano é só uma das coisas que te fazem ser quem você é. Não é o mais importante. Eu preciso falar isso pra você, meu leitor saudoso: diversas etnias, religiões e culturas convivem harmoniosamente nesse parte do país, pois eles se consideram, antes de mais nada, indianos.
No domingo, fui acordado por Ketan e daqui, seguimos para o shopping, porque eu precisava de um adptador para a toamda do notebook, de outro modo, não poderia presenteá-lo com minha diarreia verborrágica. Natal por aqui é uma data comercial, apenas isso. Os centros de compras ficam lotados e as pessoas, ávidas por aquele celular de última geração (meu bom, a turma gosta de celular aqui, vu?).
Também fui ao escritório da AIESEC, oraganização que cuida do intercâmbio, e conheci o irmão de Ketan, Nitin. Dezessete anos, mais hiperativo que eu e fã de Dwayne “The rock” Johnson. Ele tem, somente trocentos diálogos dos filmes desse cara no celular. Só pra você ter uma ideia do que eu estou falando, quando eu o agradeci por ter segurado minha bolsa, ele, extremamente sisudo, olhou para mim e proferiu a seguinte frase: Não existe obrigado entree amigos. Agora nós somos amigos e isso já sua gratidão. Eu quase começo a chorar aí caboclo ri e solta: “é uma frase do Dwayne, man, ele é demais” ¬¬
Bem, não posso me alongar agora, pois Ketan chegou e vai me levar ao meu primeiro dia de trampo. Mais tarde eu volto pra falar sobre duas coisas essenciais e muito, muito exóticas: comida e trânsito!
Até mais.

4 comentários:

  1. definitivamente já virei fã do blog!
    adorei os dois textos, dani!
    Fica bem (acho que nem precisa dizer, né?)
    Beijo!

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    1. Rapaz, pelo seu critério de leitura, esse foi o maior elogio que eu recebi até agora! Não esquenta que eu tô aproveitando demais. só não mais que vc, que deve estar tirando um ondinha pesada durante a viagem. Se cuida e traz dulce de leche! Cheiro!!!

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  2. Dan... vou acompanhar a tua viagem por aqui com certeza!!! E tenho certeza que a gente vai poder trocar muitas estórias sobre a India quando eu voltar!! Chego no final de Março, viu!?!?

    Pra mim a India é uma lição de humildade, do viver e valorizar as coisas simples da vida... então aproveita pra se deslumbrar com cada canto, cada rosto (que vai sempre lhe olhar profundamente nos olhos) e cada momento. Curta muito!!!

    jana.

    PS: tu num quer mudar essa foto de fundo não?? É muito ruim de ler o texto!

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  3. mermãããooooo... me acabando de rir com cada cpmentário, cada vivência e cada parêntese seu aqui, viu??
    na moraaaaaaaalll!!!!!!
    saudade de tu, doidju!
    beijãoo

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